Grupos de estudos

Linhas e Projetos de Pesquisa

Grupos de estudos

Antropoceno e onto-epistemologias outras: os ventos de (re)existência ancestral

 

Coordenação: Profa. Alessandra Seixlack

 

Horário: quartas-feiras, às 16h

 

Objetivo

O Antropoceno configura um momento de crise de dimensões ambientais, climáticas, econômicas, sociais, políticas e epistemológicas, que envolvem não apenas a humanidade, mas o próprio planeta Terra em seu conjunto. Embora a iminência da não existência de um mundo em devir nos traga ressentimentos, angústias e anseios, esta também é uma oportunidade para pensarmos em outros futuros possíveis e nos caminhos que podem ser (ou já vêm sendo) trilhados para alcançá-los.

É bem verdade que a concepção de outras formas de existência demanda de nós uma grande capacidade imaginativa, que foi progressivamente perdida pelo mundo ocidental. A imaginação é a grande força motriz para a demolição de mundos opressores e para o estabelecimento de novas concretudes. Nesse aspecto, é evidente que os modelos de imaginação política do Ocidente, pautados por uma objetividade e racionalidade supostamente universais, pela hierarquização colonial dos saberes e pelo binarismo natureza e cultura, não trouxeram perspectivas promissoras para a sobrevivência de Gaia ou do Terrestre. Foram incapazes de compreender as relações de cunho cosmopolítico estabelecidas entre múltiplos mundos, que se cruzam, se perpassam, mas não se fundem ao ponto de se reduzirem a um único, originando assim uma polaridade que é também espaço de potência explosiva e imaginativa; foram inábeis em conceber os complexos agenciamentos e relações intersubjetivas entre humanos e não-humanos que figuram na arena política.

Portanto, o Antropoceno suscita igualmente debates sobre a necessidade do deslocamento dos entendimentos hegemônicos, da desaprendizagem do cânone e da ampliação epistêmica. Mais do que insistir apenas nas mesmas tradições e nos mesmos vocabulários políticos, inclusive aqueles que parecem mais afinados com o pensamento crítico antissistêmico, precisamos ouvir incluir o que historicamente não teve espaço dentro do discurso da modernidade, aquilo que foi desqualificado pela ciência ocidental como afeto, paixão, subjetividade, sentimento, experiência particular e excentricidade.

Embora o  Antropoceno seja a “Era dos Humanos”, não podemos acreditar que somos apenas nós humanos – e humanos ocidentais – que temos direito de falar pelo Terrestre. Existem outras vozes, não-humanas e ancestrais, que rompem onto-epistemicamente com as formações políticas antropocêntricas e propõem uma reorganização dos antagonismos hegemônicos a partir de uma política plural em um pluriverso político. Nesse sentido, partimos da hipótese de que a imaginação de novos projetos estéticos-éticos-políticos no Antropoceno é indissociável do diálogo e da co-criação de conhecimento com as vozes da terra, suas políticas de re-existência ancestrais e epistemes experimentadas cotidianamente no calor da vida. Consideramos que a ancestralidade é a matéria vivencial necessária à produção intelectual antropocênica, aquela que nos permitirá fugir da cegueira política e epistemológica do mundo moderno; que nos possibilitará compreender outras formas de perceber o tempo, os saberes e as enunciações que são orientadas pelo Terrestre que, por conseguinte, nos possibilitam aprender a (sobre)viver no Antropoceno.

Linha de Pesquisa

Arquivos para Download